Gleydson Frota e França Guimarães
Introdução
A escrita musical é uma ferramenta muito importante
de comunicação entre músicos em todo o mundo, por isso existem várias maneiras
de se escrever música, dentre elas, a mais usada de todas é a partitura, uma escrita fundamental
devido a sua completa forma de simbologia musical; contendo notas, figuras
musicais, dinâmica e outros.
Imaginando que trata-se de uma linguagem universal e
uma forma singular e completa de execução de uma música, propõe se a partir
desse artigo, uma breve análise sobre tal forma de escrita e a complementação
com outras formas de se escrever música através dos seguintes assuntos: escrita musical: início e sua importância
para o registro da história, evoluções
e características da escrita musical, registrando a música na atualidade:
outras formas de escrita, concluindo com as considerações
finais.
Foram utilizados como referencias para fomento sobre
o assunto os seguintes autores: GROUT: PALISCA (1988), CHEDIAK (1986), PINTO
(ano), FARIA (2009), BENNETT (1986), além de pesquisas via internet.
1. Escrita musical: início e sua
importância para o registro da história.
Os primeiros registros escritos de música que se tem
notícia na história, ocorreram ainda na Grécia antiga por volta do século I d.C.
Foi através do registro que ficou conhecido como epitáfio de Seikilos que se iniciou
o processo da escrita musical que temos hoje. Segundo o site wikipédia,
“o epitáfio de Seikilos é
famoso por ser o mais antigo exemplo encontrado de uma composição musical completa, incluíndo notação musical e
letra no mundo ocidental”. Era
o registro de uma melodia de uma música grega e foi encontrada gravada em uma lápide na Turquia,
tratava-se de uma homenagem a esposa de um certo Seikilos enterrada no local. Segue
abaixo a imagem encontrada na lápide.
De acordo com GROUT e PALISCA (1988) esta música
encontrada escrita no túmulo não é o registro mais antigo, porém tem uma
escrita mais completa e apresenta mais facilidade de ser lida e desenvolvida
musicalmente. Tal afirmação, pode ser analisada a partir desse pensamento:
O epitáfio de Seikilos, embora seja o mais tardio dos
dois exemplos, será examinado em primeiro lugar, uma vez que está completo e
apresenta menos problemas analíticos. O texto e a música estão inscritos numa
estela ou pedra funerária encontrada em Aidine, na Turquia, próxima de Trales,
e datam, aproximadamente, do século i d.C. pág.
28.
A música traduzida hoje seria transcrita da seguinte
maneira:
E o texto:
Hoson zes, phainou
Meden holos su lupou
Pros oligon esti to
zen
To telos ho chronos
apaitei
Enquanto viveres,
brilha
Não sofras nenhum mal
A vida é curta
E o tempo cobra suas
dívidas
A partir do século IV d.C. haviam cerca de 1600
sinais, símbolos e formas de letras, possuia um sistema de notação para música
vocal e outro para instrumental.
Notação
com Letras:
No século IX, aparece o primeiro registro da música
escrita em papel ainda com letras e observa-se que existem várias indicações, em
forma de símbolos no texto a seguir relacionados à mudança de entonação vocal
que em muitos casos era interpretada em forma de melisma*.
2. Evoluções e características da
escrita musical.
Nos século IX ocorre à aparição da polifonia que
consistia em várias linhas melódicas executadas simultaneamente, dando origem a
um novo pensamento musical com arranjos voltados para várias vozes dentro do
coral.
Em meados do
século X, surge um monge italiano chamado Guido
d'Arezzo que foi uma das figuras mais importantes da música em todos os
tempos. Ele trouxe várias inovações que convencionaram o sistema musical e o
mais famoso foi o processo de nomeação das notas musicais a partir do hino de São
João Batista.
§ Ut queant laxis
§ Resonare fibris
§ Mira gestorum
§ Famuli tuorum
§ Solve polluti
§ Labii reatum
§ Sancte Ioannes
Que significa:
"Para que teus grandes servos,
possam ressoar claramente
a maravilha dos teus feitos,
limpe nossos lábios impuros, ó São
João."
Esse sitema era hexacordal (seis notas), e tinha um
padrão fixo de intervalos: dois tons, um semi-tom e dois tons, e de lá pra cá
muitas adptações foram feitas como o acrescimo da sétima nota “Sí”, e a
substituição da sílaba “Ut” por “Dó” por conta da entonação ser mais fácil.
3. Registrando a música na atualidade:
outras formas de escritas.
Atualmente
existem diferentes tipos de escritas musicais que buscam “facilitar” o acesso
as pessoas que não sabem ler música, da maneira formal (com o uso da partitura)
a comunicação com outros músicos. Como exemplos, citaremos a seguir além da
partitura, algumas dessas outras formas:
3.1 Partitura:
De acordo com a metodologia de Henrique Pinto, a
partitura torna-se fundamental para ajudar aprimorar cada problema durante as
várias etapas da iniciação musical violonística, pois sobre esta base irá ser
construída toda a evolução instrumental dos estudantes de violão. Como exemplo,
segue em anexo 3.1 a música Valsa da pág.
61 do livro Iniciação ao Violão de
Henrique Pinto.
É notório que o uso da partitura é indispensável
para uma leitura completa que inclua rítmo, melodia, dinâmicas, etc, pois em
outras maneiras não seria possível o entendimento por completo de sua escrita.
3.2 Sistema
de Cifragem:
A cifra é um sistema de leitura musical que surgiu
ainda na Renascença, para facilitar a leitura de acordes no instrumento popular
da época, que era o Alaúde, e até hoje tem ajudado na compreensão do pensamento
musical de instrumentistas de acompanhamento harmônicos. Segundo Chediak, “cifras
são símbolos criados para representar o acorde de maneira prática”. (1986, p.
75). A cifra é composta de letras, números e sinais.
A - Lá maior
B - Si maior
C - Dó maior
D - Ré maior
E - Mi maior
F - Fá maior
G - Sol maior
a) Acrescentando
a letra “m”, criam-se as cifras dos acordes menores:
Am - Lá menor
Bm - Si menor
Cm - Dó menor
Dm - Ré menor
Em - Mi menor
Fm - Fá menor
Gm - Sol menor
b) Colocando
números, letras e símbolos dentro dos acordes. Exemplos de escrita e fala:
C7M – Dó com 7ª maior
Dm7/9 – Ré menor com 7ª e 9ª
G7/13 – Sol com 7ª e 13ª
E7 – Mi com 7ª
Bm7/b5 – Si menor com
7ª e 5ª diminuta
Bb7/9 – Si bemol com
7ª e 9ª
D#m7(#5)
– Ré sustenido menor com 7ª e 5ª aumentada
3.3 Diagrama
ou Desenho de acordes:
Nelson Faria define diagrama como uma boa maneira
para exemplificar os acordes no braço do instrumento, e como exemplo, na pág.
11 de seu livro, sugere o gráfico abaixo:
Considerações
finais.
Concluímos que é de extrema importância e
fundamental para o registro impresso da música e para o próprio registro da
história, a escrita musical. Portanto, faz-se necessário a utilização de várias
linguagens musicais incluindo a partitura, a cifra e outras formas de codificar
o entendimento sobre a música.
Entendemos também, que por meio dessas escritas,
ocorre uma facilitação na leitura sobre a execução do instrumento, ou seja, a
cifra, por exemplo, é fundamental para instrumentistas que trabalham com a
leitura de acordes, a partitura é uma forma de escrita mais abrangente e
completa, e por esse motivo talvez seja a mais utilizada em todo mundo.
Referencial Teórico
·
CHEDIAK, Almir. Harmonia e Improvisação
I. Editora Lumiar. Rio de Janeiro, 1986.
·
PINTO, Henrique. Iniciação ao violão:
Princípios básicos e elementares para principiantes. Editora Ricordi. (ano).
·
FARIA, Nelson. Harmonia aplicada ao
violão e à guitarra. Nelson Faria produções musicais. Rio de Janeiro, 2009.
·
BENNETT, Roy. Uma breve história da
música. Jorge Zahar Editora. Rio de Janeiro, 1986.
·
GROUT, Donald; PALISCA, Claude. História
da música oicidental. Gradiva. Rio de Janeiro, 1988. Pág 21-31.
·
Apostila com conteúdo extraído do curso
de extensão em História da Música da professora Adeline Stervinou.
·
Acessado em 20 de junho de 2012 http://www.escolamegamusic.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=118&Itemid=106
*Melisma é um grupo de notas
ornamentadas de uma melodia, cantadas em geral como forma de vocalização usada
no canto gregoriano.
Adorei!
ResponderExcluir