Em
Marxs, o conceito de “alienação do trabalho” sugere a reprodução do trabalho
como forma de sobrevivência. “Trata-se de uma
condição onde o trabalho ao invés de ser instrumento para a realização plena do
homem e de sua condição torna-se, pelo contrário, um instrumento de
escravização, acabando por desumanizá-lo, tendo sua vida e seu próprio valor
medidos pelo seu poder de acumular e possuir”.
Tal
análise na perspectiva da vivência profissional musical é visto como a ideia a
que destacamos como reprodução do que faz sucesso, ou seja, trocando em miúdos,
é mais fácil copiar o que está dando certo do que criar algo novo. Tal conceito
de alienação é bastante visto hoje em dia no mercado musical brasileiro, e percebe-se
um comodismo em apenas copiar, até mesmo em caráter estéticos, a música que
tende a gerar mais lucros ao chamado público da “ostentação”, castrando
qualquer meio de criação e inovação musical.
Adorno (2009, p.16),
destaca que a música também não escapa do capitalismo, pois quanto mais
qualidade em sua composição ela tiver, menos valorizado para o mercado será. No
trecho “... a própria música inexoravelmente submeter-se-á, aí a sua condição
de mercadoria: quanto mais elaborada menos procurada”, nos leva a reflexão de
que a música é um produto e pode ser vendida pelas mídias, pois quanto menos
elaborada, ou seja, mais fácil de tocar, de cantar, com letras de fácil
absorção do tipo “chiclete” que gruda e não sai mais da cabeça, melhor será o
resultado. As pessoas de algum modo não querem pensar, é mais fácil ter algo
que sirva apenas para distraí-las, do que algo que as faça pensar.
Essa
alienação tem se arrastado em vários gêneros musicais, não só aos que
caracterizamos como “da mídia”, sertanejo universitário, forró ou funk carioca,
mas também bandas e artistas de rock, pop ou mpb.
Quando
citamos alguns programas de calouros brasileiros, logo analisamos por vezes, que
alguns candidatos tendem a se tornar cópias de artistas americanos reproduzindo
de forma alienada o que deu certo mundo a fora. Claro que o conceito de que
tudo se copia não deve ser descartado, mas estamos devendo, e muito, em
originalidade. Copiar tal qual, uma banda, um artista ou mesmo um guitarrista
famoso é muito fácil, difícil mesmo é ser original e tornar-se referencia no
mundo da música.
Por
isso, devemos pensar em ser diferentes como artistas, tentar tirar o que somos
na essência do nosso próprio “eu”. Não tente sermos o artista “x” buscando
copia-lo, seja você mesmo. Crie sua música, improvise e não se preocupe em
apenas copiar, seja original!
Texto extraído de
minhas inquietações como artista.
Gleydson frota
ADORNO, Theodor W. Introdução a Sociologia da
Música: doze preleções teóricas. São Paulo. Editora Unesp, 2009.
http://www.sociologia.com.br/karl-marx-a-alienacao-e-a-mais-valia/
- Acessado em 08/01/2016