quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Breve reflexão dos “homens na caverna” de Platão.



A história dos homens na caverna faz parte de um conjunto de obras de Platão chamado à República. No livro VII, intitulado de Alegoria da Caverna, observa-se um relato não real, em forma de mito ao que se parece, sobre escravos presos e acorrentados pés e cabeça dentro de uma caverna escura, onde ficaram por toda sua vida vivendo e vendo apenas as sombras das pessoas que se deformavam através da luz, levando-os a crer apenas no imaginário distorcido do real.
Nas palavras de PLATÃO (p. 210) seriam "uns homens numa habitação subterrânea em forma de caverna, com uma entrada aberta para a luz, que se estende a todo o comprimento dessa gruta" e "servem-lhes de iluminação um fogo que se queima ao longe".
O que se observa, é que esses homens ficaram desde o nascimento até a vida adulta presos em um espaço onde só puderam ver a escuridão observando e imaginando se existiria algo novo e interessante fora daquele local.
BENTANCUR (1994, p.28) faz uma analogia sobre esse conto de Platão quando diz que “faltava crescer, libertar-se, subir até o mundo das ideias, (...) após muito aprendizado, enxergar o universo”, ou seja, eles tinham medo de enxergar a realidade diferente da que estavam acostumados. E se fossem até a entrada da caverna saindo da mesma, poderiam descobrir um mundo novo.
Cada preso em sua cela, ou seja, em seu mundo, até que um deles recebe uma espécie de liberdade onde pudera sair e enfim conhecer o que havia fora dali. O medo do novo era tamanho, que os outros que ficaram imaginaram que aquele homem estava louco indo a caminho de sua própria morte.
Ao sair daquela caverna, o homem teve conhecimento do havia lá fora, outro mundo, outra realidade bem diferente da que ele estava acostumado. Aprendeu então que a vida não se restringia apenas aquele espaço que passara sua vida quase toda, mas o novo poderia ser descoberto e aprendido. Segundo BENTANCUR (1994, p.35) esses presos “não são prisioneiros de força alheia. São de seu próprio medo e de sua própria teimosia”, deixando assim claro que o medo e a teimosia em muitos casos retardam o avanço dos conhecimentos em nossas vidas.
A questão que se tem é a seguinte: devemos ficar presos na caverna e nos contentar com a realidade da escuridão? Ou, resolver sair e ver o que tem lá fora? Essas questões são fundamentais para entender o mundo que queremos e necessitamos para nossas vidas. Essa analogia de Platão nos mostra a importância de buscar o novo, de sair de nossos mundos isolados e buscar a sabedoria através da leitura e do conhecimento.
Quando o educador Paulo Freire defende uma “educação libertadora”, na verdade está defendendo a emancipação humana através da educação. Só por meio do estudo por assim dizer, é possível que o ser humano evolua enquanto ser pensante e mude a realidade ao seu redor. A força de vontade os leva para fora da caverna e os faz descobrir novos caminhos na vida.
Encerro esse pequena análise com essa frase retirada da pág. 35, do livro em questão: “Muitas vezes o mais belo é mais difícil”.

Livros de referências:

BENTANCUR, Paulo. Os homens na caverna. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1994
PLATÃO. A república. São Paulo: Editora Martin Claret, 2000