A história dos homens na caverna
faz parte de um conjunto de obras de Platão chamado à República. No livro VII,
intitulado de Alegoria da
Caverna, observa-se um relato não real, em forma de mito ao que se parece,
sobre escravos presos e acorrentados pés e cabeça dentro de uma caverna escura,
onde ficaram por toda sua vida vivendo e vendo apenas as sombras das pessoas
que se deformavam através da luz, levando-os a crer apenas no imaginário
distorcido do real.
Nas palavras de PLATÃO (p. 210)
seriam "uns homens numa habitação subterrânea em forma de caverna, com uma
entrada aberta para a luz, que se estende a todo o comprimento dessa
gruta" e "servem-lhes de iluminação um fogo que se queima ao longe".
O que se observa, é que esses
homens ficaram desde o nascimento até a vida adulta presos em um espaço onde só
puderam ver a escuridão observando e imaginando se existiria algo novo e
interessante fora daquele local.
BENTANCUR (1994, p.28) faz uma
analogia sobre esse conto de Platão quando diz que “faltava crescer,
libertar-se, subir até o mundo das ideias, (...) após muito aprendizado,
enxergar o universo”, ou seja, eles tinham medo de enxergar a realidade
diferente da que estavam acostumados. E se fossem até a entrada da caverna
saindo da mesma, poderiam descobrir um mundo novo.
Cada preso em sua cela, ou seja,
em seu mundo, até que um deles recebe uma espécie de liberdade onde pudera sair
e enfim conhecer o que havia fora dali. O medo do novo era tamanho, que os outros
que ficaram imaginaram que aquele homem estava louco indo a caminho de sua
própria morte.
Ao sair daquela caverna, o homem
teve conhecimento do havia lá fora, outro mundo, outra realidade bem diferente
da que ele estava acostumado. Aprendeu então que a vida não se restringia
apenas aquele espaço que passara sua vida quase toda, mas o novo poderia ser
descoberto e aprendido. Segundo BENTANCUR (1994, p.35) esses presos “não são
prisioneiros de força alheia. São de seu próprio medo e de sua própria teimosia”,
deixando assim claro que o medo e a teimosia em muitos casos retardam o avanço
dos conhecimentos em nossas vidas.
A questão que se tem é a
seguinte: devemos ficar presos na caverna e nos contentar com a realidade da
escuridão? Ou, resolver sair e ver o que tem lá fora? Essas questões são
fundamentais para entender o mundo que queremos e necessitamos para nossas
vidas. Essa analogia de Platão nos mostra a importância de buscar o novo, de
sair de nossos mundos isolados e buscar a sabedoria através da leitura e do
conhecimento.
Quando o educador Paulo Freire
defende uma “educação libertadora”, na verdade está defendendo a emancipação
humana através da educação. Só por meio do estudo por assim dizer, é possível
que o ser humano evolua enquanto ser pensante e mude a realidade ao seu redor.
A força de vontade os leva para fora da caverna e os faz descobrir novos
caminhos na vida.
Encerro esse pequena análise com
essa frase retirada da pág. 35, do livro em questão: “Muitas vezes o mais belo
é mais difícil”.
Livros de
referências:
BENTANCUR, Paulo. Os homens na caverna. Porto
Alegre: Mercado Aberto, 1994
PLATÃO. A república. São Paulo: Editora Martin Claret,
2000