INTRODUÇÃO
O
ensino coletivo de violão é uma importante ferramenta de ensino democrático da
música, pois possibilita, em uma mesma sala de aula que muitos estudantes
desenvolvam técnicas para o aprendizado do instrumento com o mesmo orientador
ou com trocas de experiências com outros colegas. Percebe-se existir uma
saudável competição por parte dos estudantes quanto ao aprendizado do violão,
uma disputa por quem aprende a tocar mais rápido, e nessa “brincadeira” todos
saem ganhando, tocando e iniciando sua longa e boa caminhada na música. Essa
prática chama-se musicalização ao instrumento.
Sravinsky
disse, certa vez: “A música é o único domínio no qual o homem realiza o
presente. O fenomeno da música nos é dado com o único fim de instituir uma
ordem nas coisas, compreendendo aí e, sobretudo uma ordem entre o homem e o
tempo”.
No
Brasil, e até também no exterior é muito comum o uso da dinâmica de grupo sobre
ensino coletivo de instrumentos, por isso, professores de música têm tido muito
êxito com esse trabalho, contudo é sempre bom ter materiais didáticos de
qualidade, bem como, bons métodos, partituras com arranjos para cameratas,
quartetos, trios de violões, etc.
A
música pode levar a alegria de estar junto com outros colegas estudando com
concordância, união, partilha e nos faz pensar que o eu na verdade somos nós,
Snyders (2008). Stefani (1987, p. 13) revela em seu pensamento que a música na
vida das pessoas também pode ser considerada como “pano de fundo, decoração,
tapeçaria sonora”.
Gardner
(1994) em seus estudos sobre as inteligências múltiplas ressalta a importância
da música e afirma que esta funciona como uma espécie de modalidade que
desenvolve a mente humana promovendo o equilíbrio, a sensibilidade e a
percepção crítica das coisas, proporcionando um estado agradável de bem-estar,
facilitando a concentração e o desenvolvimento do raciocínio.
Vygotsky
(1991) ressalta sobre a melhor maneira de integração das pessoas através da
inclusão delas em todas as atividades sociais em sua comunidade, desenvolvendo
assim uma maior integração com o outro, criando laços de confiança que o ajudam
em seu desenvolvimento afetivo e social, ou seja, é necessário o indivíduo se relacionar
com o outro, a fim de socializar-se na busca do autoconhecimento e de seu papel
como cidadão.
Neste
artigo, propomos analisar as diferentes práticas de ensino coletivo de violão,
na perspectiva de conhecer essas dinâmicas de grupos e contribuir para a
melhoria dessa prática nas escolas de ensino regular ou em escolas de música em
geral. Após várias experiências em sala de aula de escolas particulares e
também de escolas especializadas em música, analisamos as diferentes abordagens
sobre o assunto, tendo em vista, tornar o mesmo, parte fundamental na prática
docente de professores de violão.
Utilizou-se
uma pesquisa bibliográfica, pesquisa de campo em forma de entrevista com
carater qualitativo, e por tal, destacaremos a seguir os seguintes assuntos: Uma
breve história sobre o ensino coletivo de instrumentos musicais, A prática de
ensino coletivo no violão: metodologias e didáticas, As experiências bem
sucedidas no ensino coletivo, e por último, a conclusão do artigo.
1. UMA BREVE HISTÓRIA SOBRE O ENSINO
COLETIVO DE INSTRUMENTOS MUSICAIS
Acredita-se
que o ensino coletivo de instrumentos musicais tenha começado ainda na Europa e
depois se estendido aos Estados Unidos da América por volta do ano de 1843, nos
conservatório Leipzig, Alemanha e nos Estados Unidos nos conservatórios The
Boston Conservatory e o The new england conservatory (CRUVINEL
2004).
Segundo
Cruvinel (2004), nos Estados Unidos as pedagogias do ensino coletivo tiveram um
declínio no final do século XIX, foi com o surgimento dos cursos superiores que
perceberam existir a possibilidade dos estudantes de música desenvolveram ainda
mais suas habilidades técnicas nos instrumentos.
O
ensino individual de instrumentos foi adotado pelas universidades e
conservatórios, buscando assim a necessidade de um estudo mais particular de
música, por tal motivo, optou-se por esse tipo de metodologia de ensino
individualizado, um método buscando a qualidade superior e a virtuosidade
técnica dos estudantes.
A
questão que se aborda com a seguinte problemática é o fato do que vem a ser
mais importante no ensino da música, o estudo coletivo dos instrumentos, ou
seja, uma sala de aula com 12 ou mais estudantes juntos, ou o estudo individual
de cada um deles.
No
Brasil, o ensino coletivo de instrumentos se inicia de diversas formas, dentre
elas, através das bandas de música de instrumentos de sopro, essa prática
acontece devido à facilidade do aprendizado desses instrumentos tocados juntos
e coletivamente, formando assim uma harmonia, essa prática vai gerar o que hoje
conhecemos como as “bandas de música” (sopros).
Percebe-se
também uma forte influência dos cursos de graduação e pós-graduação na
utilização dessas novas metodologias de ensino coletivo de instrumentos, antes
desses cursos, os ensinos eram todos de ordem práticas e em muitos casos, eram
de acordo com a necessidade das pessoas de desenvolverem em seus interesses
pessoais.
Podemos
citar diversas práticas bem sucedidas de ensino coletivo em todo país,
inclusive no estado do Ceará como: Curso de especialização em Arte e Educação
com ênfase em música pela FVJ, curso de música da UFC, UECE e CEFET, Escola de
Música de Sobral, e várias outras experiências musicais não citadas aqui.
1.1 Qual
a importância de ensinar violão coletivamente?
Georges
Snyders no esclarece sobre a importância de se estar juntos dentro da música:
Sentimo-nos à vontade no grupo, numa
familiaridade feliz, contentes de estarmos reunidos, a música é boa, gostamos
de dançar juntos, de vestir-nos de forma semelhante, de beber e comer juntos as
mesmas coisas do mesmo jeito. Tudo isso é bastante bom e produz uma dose
suficiente de excitação alegre. Snyders (2008, p.92).
É
fundamental na didática de ensino do instrumento, a prática coletiva, pois
ensinar música com uma turma de vários estudantes juntos é buscar alternativas
para inclusão musical do ensino da música, ou seja, a música está para todos. É
interessante quando se percebe o “fazer bem” a esses estudantes estarem juntos,
compartilhando as alegrias e as vitórias de seus aprendizados musicais.
O
comportamento humano se utiliza em muitos casos da observação e imitação para o
aprendizado musical, entretanto não desmerecendo os músicos autodidatas, vê-se
necessário também, a prática de estudo diário da música, bem como, do treino da
percepção musical, e também do instrumento para o desenvolvimento geral do
estudante de música.
Para
isso, Tourinho (2007) destaca uma boa reflexão sobre o assunto:
A imitação está focada no resultado
sonoro obtido e não na decodificação de símbolos musicais. A
partitura no ensino coletivo ou não está presente nas aulas iniciais, onde o
trabalho é feito por imitação, ou é apresentada de forma funcional, isto é,
serve para um resultado específico e imediato. Tourinho (2007).
Nessa
reflexão é possível analisar a preocupação da não utilização das linguagens
escritas nas primeiras aulas de grupo, pois é interessante deixar que a música
flua de forma sonora e natural, e ainda tem-se como dificuladade, a evasão
escolar que em muitos casos ocorrem devido ao não interesse em prosseguir com o
estudo do instrumento.
Estudar
violão coletivamente é fundamental para a socialização e a prática saudável da
democratização musical, contudo é muito importante o acompanhamento diário da
evolução do estudante em seus treinos individuais em casa. É importante estudar
coletivamente em sala de aula, porém em casa é fundamental que o treino para o
aperfeiçoamento de sua técnica seja diário.
2. A PRÁTICA DE ENSINO COLETIVO NO VIOLÃO:
METODOLOGIAS E DIDÁTICAS
O
estudante que deseja tocar violão deverá se beneficiar de diferentes maneiras
de aprendizado, pois uma boa metodologia evita que futuros músicos e
profissionais da música “caiam” em didáticas ruins e necessitem de correções em
seus vícios de execução e técnicas mal aplicadas. Sobre metodologia, Bertrami
(2011) na resvista No Tom, diz o seguinte:
Primeiro:
No meu curso de piano não ensino somente o instrumento, por exemplo. […] o
professor tem que ter essa consciência antes de qualquer coisa. Consciência da
responsabilidade das pessoas. Passo por exemplo conceitos de postura, ética,
disciplina, dedicação e principalmente pesquisa. Hoje, quando passo uma música
nova para o aluno, ele tem inúmeros vídeos, áudios, versões, etc.
Segundo: Faço
uma análise harmônica da música, testando todas as possibilidades, passando
pelo trabalho de arranjo, despertando a criatividade do aluno, tirando dele
tudo que tem para oferecer musicalmente. Revista No Tom, edição nº 29 -
ano 5, pág 28. Revista no Tom (2011).
Quando
em primeiro plano o professor fala em ética, disciplina, dedicação e pesquisa,
percebe-se que para uma boa formação, todo estudante necessita da aplicação
destes conceitos em sua vivencia musical, já sobre a teoria aplicada e arranjo,
citaremos a seguir as várias formas básicas de escritas para o violão. São
símbolos, letras, números e meios para abranger o máximo possível os leques de
possibilidades para se tocar o instrumento.
REFERÊNCIAS
BERTRAMI,
Beto. A importância da metodologia correta. Revista No Tom, São
Paulo, Nº 29, ano 5, Dez. 2011. p. 28.
CHEDIAK,
Almir. Harmonia e Improvisação I. Rio de Janeiro: Lumiar, 1986.
PINTO,
Henrique. Iniciação ao violão: Princípios básicos e elementares para
principiantes. Ricordi, (1980).
FARIA,
Nelson. Harmonia aplicada ao violão e à guitarra. Rio de Janeiro:
Nelson Faria produções musicais, 2009.
MORAIS,
J. Jota de. O que é música 2ª edição. São Paulo: Brasiliense, 1983.
MASCARENHAS,
Mário. O melhor da música popular brasileira: versão compacta: 300
canções cifradas para violão, vol. III. Rio de Janeiro: Vitale, 2003.
TOURINHO, Cristina. Ensino coletivo de instrumentos
musicais. Disponível em:
<http://pt.scribd.com/doc/49032512/Ensino-Coletivo-de-Instrumentos-Musicais-Ana-Tourinho#> Acessado em: 09 Mai. 2012.
NASCIMENTO,
Milton. Cd caçador de mim. Ariola, 1981. 1 CD.
STEFANI,
Gino. Para Entender a Música. Rio de Janeiro: Globo, 1987.
JIZAR,
Stela. Revista No Tom. A influência positiva da música. Revista
No Tom, São Paulo, Nº 10, ano 2, Fev. 2008. p. 30.
VYGOTSKY,
Lev Semyonovich. A formação social da mente. 5a.
ed. São Paulo: Vozes, 1994.
SNYDERS,
Georges. A escola pode ensinar as alegrias da música? 5.
ed. São Paulo: Cortez, 2008.
Olá Gleydson, sou educador do Projeto Guri e do GADA, gostei muito do seu material. se você já o tiver publicado gostaria de tê-lo, meu e-mail é tobias_jp@hotmail.com, e visete meu Blog é http://edumusicaminhodig.blogspot.com.br/, um abraço!
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