domingo, 10 de março de 2013

Partes de meu artigo de conclusão do Curso de Arte e Educação com ênfase em Música.


INTRODUÇÃO

O ensino coletivo de violão é uma importante ferramenta de ensino democrático da música, pois possibilita, em uma mesma sala de aula que muitos estudantes desenvolvam técnicas para o aprendizado do instrumento com o mesmo orientador ou com trocas de experiências com outros colegas. Percebe-se existir uma saudável competição por parte dos estudantes quanto ao aprendizado do violão, uma disputa por quem aprende a tocar mais rápido, e nessa “brincadeira” todos saem ganhando, tocando e iniciando sua longa e boa caminhada na música. Essa prática chama-se musicalização ao instrumento.
Sravinsky disse, certa vez: “A música é o único domínio no qual o homem realiza o presente. O fenomeno da música nos é dado com o único fim de instituir uma ordem nas coisas, compreendendo aí e, sobretudo uma ordem entre o homem e o tempo”.
No Brasil, e até também no exterior é muito comum o uso da dinâmica de grupo sobre ensino coletivo de instrumentos, por isso, professores de música têm tido muito êxito com esse trabalho, contudo é sempre bom ter materiais didáticos de qualidade, bem como, bons métodos, partituras com arranjos para cameratas, quartetos, trios de violões, etc.
A música pode levar a alegria de estar junto com outros colegas estudando com concordância, união, partilha e nos faz pensar que o eu na verdade somos nós, Snyders (2008). Stefani (1987, p. 13) revela em seu pensamento que a música na vida das pessoas também pode ser considerada como “pano de fundo, decoração, tapeçaria sonora”.
Gardner (1994) em seus estudos sobre as inteligências múltiplas ressalta a importância da música e afirma que esta funciona como uma espécie de modalidade que desenvolve a mente humana promovendo o equilíbrio, a sensibilidade e a percepção crítica das coisas, proporcionando um estado agradável de bem-estar, facilitando a concentração e o desenvolvimento do raciocínio.
Vygotsky (1991) ressalta sobre a melhor maneira de integração das pessoas através da inclusão delas em todas as atividades sociais em sua comunidade, desenvolvendo assim uma maior integração com o outro, criando laços de confiança que o ajudam em seu desenvolvimento afetivo e social, ou seja, é necessário o indivíduo se relacionar com o outro, a fim de socializar-se na busca do autoconhecimento e de seu papel como cidadão.
Neste artigo, propomos analisar as diferentes práticas de ensino coletivo de violão, na perspectiva de conhecer essas dinâmicas de grupos e contribuir para a melhoria dessa prática nas escolas de ensino regular ou em escolas de música em geral. Após várias experiências em sala de aula de escolas particulares e também de escolas especializadas em música, analisamos as diferentes abordagens sobre o assunto, tendo em vista, tornar o mesmo, parte fundamental na prática docente de professores de violão.
Utilizou-se uma pesquisa bibliográfica, pesquisa de campo em forma de entrevista com carater qualitativo, e por tal, destacaremos a seguir os seguintes assuntos: Uma breve história sobre o ensino coletivo de instrumentos musicais, A prática de ensino coletivo no violão: metodologias e didáticas, As experiências bem sucedidas no ensino coletivo, e por último, a conclusão do artigo.


1.      UMA BREVE HISTÓRIA SOBRE O ENSINO COLETIVO DE INSTRUMENTOS MUSICAIS

Acredita-se que o ensino coletivo de instrumentos musicais tenha começado ainda na Europa e depois se estendido aos Estados Unidos da América por volta do ano de 1843, nos conservatório Leipzig, Alemanha e nos Estados Unidos nos conservatórios The Boston Conservatory e o The new england conservatory (CRUVINEL 2004).
Segundo Cruvinel (2004), nos Estados Unidos as pedagogias do ensino coletivo tiveram um declínio no final do século XIX, foi com o surgimento dos cursos superiores que perceberam existir a possibilidade dos estudantes de música desenvolveram ainda mais suas habilidades técnicas nos instrumentos.
 O ensino individual de instrumentos foi adotado pelas universidades e conservatórios, buscando assim a necessidade de um estudo mais particular de música, por tal motivo, optou-se por esse tipo de metodologia de ensino individualizado, um método buscando a qualidade superior e a virtuosidade técnica dos estudantes.
A questão que se aborda com a seguinte problemática é o fato do que vem a ser mais importante no ensino da música, o estudo coletivo dos instrumentos, ou seja, uma sala de aula com 12 ou mais estudantes juntos, ou o estudo individual de cada um deles.
No Brasil, o ensino coletivo de instrumentos se inicia de diversas formas, dentre elas, através das bandas de música de instrumentos de sopro, essa prática acontece devido à facilidade do aprendizado desses instrumentos tocados juntos e coletivamente, formando assim uma harmonia, essa prática vai gerar o que hoje conhecemos como as “bandas de música” (sopros).
Percebe-se também uma forte influência dos cursos de graduação e pós-graduação na utilização dessas novas metodologias de ensino coletivo de instrumentos, antes desses cursos, os ensinos eram todos de ordem práticas e em muitos casos, eram de acordo com a necessidade das pessoas de desenvolverem em seus interesses pessoais.
Podemos citar diversas práticas bem sucedidas de ensino coletivo em todo país, inclusive no estado do Ceará como: Curso de especialização em Arte e Educação com ênfase em música pela FVJ, curso de música da UFC, UECE e CEFET, Escola de Música de Sobral, e várias outras experiências musicais não citadas aqui.


1.1  Qual a importância de ensinar violão coletivamente?

Georges Snyders no esclarece sobre a importância de se estar juntos dentro da música:

Sentimo-nos à vontade no grupo, numa familiaridade feliz, contentes de estarmos reunidos, a música é boa, gostamos de dançar juntos, de vestir-nos de forma semelhante, de beber e comer juntos as mesmas coisas do mesmo jeito. Tudo isso é bastante bom e produz uma dose suficiente de excitação alegre. Snyders (2008, p.92).

 É fundamental na didática de ensino do instrumento, a prática coletiva, pois ensinar música com uma turma de vários estudantes juntos é buscar alternativas para inclusão musical do ensino da música, ou seja, a música está para todos. É interessante quando se percebe o “fazer bem” a esses estudantes estarem juntos, compartilhando as alegrias e as vitórias de seus aprendizados musicais.
O comportamento humano se utiliza em muitos casos da observação e imitação para o aprendizado musical, entretanto não desmerecendo os músicos autodidatas, vê-se necessário também, a prática de estudo diário da música, bem como, do treino da percepção musical, e também do instrumento para o desenvolvimento geral do estudante de música.
Para isso, Tourinho (2007) destaca uma boa reflexão sobre o assunto:
                                                         
A imitação está focada no resultado sonoro obtido e não na   decodificação de símbolos musicais. A partitura no ensino coletivo ou não está presente nas aulas iniciais, onde o trabalho é feito por imitação, ou é apresentada de forma funcional, isto é, serve para um resultado específico e imediato. Tourinho (2007).

Nessa reflexão é possível analisar a preocupação da não utilização das linguagens escritas nas primeiras aulas de grupo, pois é interessante deixar que a música flua de forma sonora e natural, e ainda tem-se como dificuladade, a evasão escolar que em muitos casos ocorrem devido ao não interesse em prosseguir com o estudo do instrumento.
Estudar violão coletivamente é fundamental para a socialização e a prática saudável da democratização musical, contudo é muito importante o acompanhamento diário da evolução do estudante em seus treinos individuais em casa. É importante estudar coletivamente em sala de aula, porém em casa é fundamental que o treino para o aperfeiçoamento de sua técnica seja diário.


2.      A PRÁTICA DE ENSINO COLETIVO NO VIOLÃO: METODOLOGIAS E DIDÁTICAS

O estudante que deseja tocar violão deverá se beneficiar de diferentes maneiras de aprendizado, pois uma boa metodologia evita que futuros músicos e profissionais da música “caiam” em didáticas ruins e necessitem de correções em seus vícios de execução e técnicas mal aplicadas. Sobre metodologia, Bertrami (2011) na resvista No Tom, diz o seguinte:

                                                                      Primeiro: No meu curso de piano não ensino somente o instrumento, por exemplo. […] o professor tem que ter essa consciência antes de qualquer coisa. Consciência da responsabilidade das pessoas. Passo por exemplo conceitos de postura, ética, disciplina, dedicação e principalmente pesquisa. Hoje, quando passo uma música nova para o aluno, ele tem inúmeros vídeos, áudios, versões, etc.
                                                                     Segundo: Faço uma análise harmônica da música, testando todas as possibilidades, passando pelo trabalho de arranjo, despertando a criatividade do aluno, tirando dele tudo que tem para oferecer musicalmente. Revista No Tom, edição nº 29 - ano 5, pág 28. Revista no Tom (2011).


Quando em primeiro plano o professor fala em ética, disciplina, dedicação e pesquisa, percebe-se que para uma boa formação, todo estudante necessita da aplicação destes conceitos em sua vivencia musical, já sobre a teoria aplicada e arranjo, citaremos a seguir as várias formas básicas de escritas para o violão. São símbolos, letras, números e meios para abranger o máximo possível os leques de possibilidades para se tocar o instrumento.

REFERÊNCIAS

BERTRAMI, Beto. A importância da metodologia correta. Revista No Tom, São Paulo, Nº 29, ano 5, Dez. 2011. p. 28.
CHEDIAK, Almir. Harmonia e Improvisação I. Rio de Janeiro: Lumiar, 1986.
PINTO, Henrique. Iniciação ao violão: Princípios básicos e elementares para principiantes. Ricordi, (1980).
FARIA, Nelson. Harmonia aplicada ao violão e à guitarra. Rio de Janeiro: Nelson Faria produções musicais, 2009.
MORAIS, J. Jota de. O que é música 2ª edição. São Paulo: Brasiliense, 1983.
MASCARENHAS, Mário. O melhor da música popular brasileira: versão compacta: 300 canções cifradas para violão, vol. III. Rio de Janeiro: Vitale, 2003.
TOURINHO, Cristina. Ensino coletivo de instrumentos musicais. Disponível em: <http://pt.scribd.com/doc/49032512/Ensino-Coletivo-de-Instrumentos-Musicais-Ana-Tourinho#> Acessado em: 09 Mai. 2012.
NASCIMENTO, Milton. Cd caçador de mim. Ariola, 1981. 1 CD.
STEFANI, Gino. Para Entender a Música. Rio de Janeiro: Globo, 1987.
JIZAR, Stela. Revista No Tom. A influência positiva da música. Revista No Tom, São Paulo, Nº 10, ano 2, Fev. 2008. p. 30.
VYGOTSKY, Lev Semyonovich. A formação social da mente. 5a. ed. São Paulo: Vozes, 1994.
SNYDERS, Georges. A escola pode ensinar as alegrias da música? 5. ed. São Paulo: Cortez, 2008.

Um comentário:

  1. Olá Gleydson, sou educador do Projeto Guri e do GADA, gostei muito do seu material. se você já o tiver publicado gostaria de tê-lo, meu e-mail é tobias_jp@hotmail.com, e visete meu Blog é http://edumusicaminhodig.blogspot.com.br/, um abraço!

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